Eterna aprendiz

Não existe nada mais fatal para o pensamento que o ensino das respostas. Para isso existem as escolas: não para ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas. As repostas nos permitem andar sobre terra firme. Mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido" (Rubem Alves)

segunda-feira, outubro 30, 2006

A BRUXA ESTÁ SOLTA !






Halloween da CEDEF

quinta-feira, outubro 26, 2006

LER DEVIA SER PROIBIDO

Existem textos que são irretocáveis. A abordagem do tema "Leitura" promovida por Guiomar de Grammon, utilizando o atalho de irônica negação, é um convite a refletirmos sobre condutas políticas que se contém em agendas assistencialistas, bem como outros problemas, tão brasileiros, a exemplo da acessibilidade -- o preço da boa leitura a torna cada vez mais distante dos jovens e da população em geral.
Ficar aqui falando sobre tão magistral texto seria perda de tempo. Melhor mesmo é lê-lo. E muito mais: sentir sua essência.

A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido.

Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Don Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.

Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.

Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?

Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.

Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebida. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.

Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.

Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.

O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?

É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metrôs, ou no silêncio da alcova... Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.

Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.

Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.

Além disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos outros sentimentos... A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.

Ler pode tornar o homem perigosamente humano.
--------------------------------------------------------------------------------
[Guiomar de Grammon, In: PRADO, J. & CONDINI, P. (Orgs.). A formação do leitor: pontos de vista. Rio de Janeiro - Argus, 1999. pgs.71-73.]

quarta-feira, outubro 25, 2006

Acelerando


terça-feira, outubro 17, 2006

E dá-lhe confete!

O que ainda não é suficiente para o brilhantismo do texto do Edjofre, publicado no Jornal Meio Norte em referencia ao Sofressor. Lindo!

15 de outubro - Dia do Sofressor
Sou professor por vocação e um sofressor por conseqüência. A minha idealização pela educação nasceu comigo, é coisa de ventre, de mãe, de obsessão, de querer encontrar solução para as mazelas da humanidade.
Tenho sido muitas pessoas em muitos lugares. Sou Sócrates, quando estimulo a juventude a descobrir novas idéias; sou Esopo, revelando a verdade por meio de muitas histórias; sou Darcy Ribeiro, construindo uma universidade a partir do nada; sou Ayrton Senna, que transforma sua fama de herói em recursos para educar crianças de seu país; sou Anísio Teixeira, na sua luta de democratização para que todos tenham acesso à educação; sou Buda, Paulo Freire, Confúcio, Emília Ferreiro, Montessori...
Apesar de ser tudo não sou nada, pois não tenho a importância de um executivo que ensino as primeiras palavras, de um advogado que faço ler com fluência, de um engenheiro que mostro como se mede e calcula problemas, de um artista que oportunizo situações para que mostre sua dramaticidade e seu conhecimento poético, de um jornalista que colaboro para que seus textos sejam bem escritos e entendidos ou de um médico que ensino o valor do bem mais valioso, a vida.
Sofro. Sofro muito! Mas o meu sofrimento é recompensado pelo carinho espontâneo da criança que corre para abraçar-me no inicio do dia ou pela fala daquele adolescente que diz: “Aí tio, valeu! Não vou esquecer disso nunca mais!”.Dizem que sempre fica um pouco de perfume nas mãos daqueles que oferecem rosas. As minhas ficam inebriadas com cheiro de compromisso, competência, altruísmo e dedicação cada vez que um aluno responde positivamente às minhas propostas de ensino.Sou um caçador de tesouros, dedicado em tempo integral à procura de novas oportunidades para meus alunos usarem seus talentos, buscando sempre descobrir seu potencial, às vezes enterrado sob o sentimento de fracasso e derrota.
Sou um guerreiro que luta todos os dias contra a pressão de colegas, a negatividade, o pessimismo na educação, o medo, o conformismo, o preconceito, a curiosidade, a ignorância e a apatia. Por outro lado tenho aliados excepcionais: o riso inocente e o carinho dos meus alunos e a confiança dos seus pais.Bons momentos engolindo pó de giz me fazem crer que ainda chegará o dia em que as famílias dirão, desde o nascimento dos seus filhos, que eles serão professores. Tenho alunos que me fazem acreditar que tenho valor e que contribuo significativamente para as suas vidas.Sou professor e agradeço todos os dias a Deus por isso.

quarta-feira, outubro 11, 2006

Amanha é dia das crianças! Êta folguinha boa! E vamos enforcar a sexta! Uau! Que programão! Levar meus filhos a piscina nos primeiros raios de sol e aproveitar esse calorão de 40 graus (só no nordeste mesmo, no Sul não se desfruta dessas coisas nessa altura do ano). Se bem que meu filho, Icaro, esta naquela fase, sou-quase-rapaz e não quer mais a minha companhia a toda hora, acha que é coisa de bebê. Mas sei que ele não resistirá quando nos vermos de apetrechos(bronzeador, biquíni,etc) à mão. A primeira pergunta a fazer ao acordarem. Cadê meu presente? Hoje é o nosso dia.
Vou lhes contar um segredinho, comprei para eles uma harpa com quarenta musicas, já que eles adoram instrumentos musicais e coisas parecidas. Tomara que eles não leiam o blog hoje, senão a surpresa irá por água abaixo.
E para completar o final de semana, temos DISCO na sexta e sábado. Programa exclusivo para os crescidinhos.
Ufa! Quanta energia! E se faltar, o RED BULL repõe.

sábado, outubro 07, 2006

DIFERENÇAS

Ótimo. Óptimo. Essa correção já me aconteceu de forma sutil, claro, mas dei me de ombros. Usei o jogo faz-de-conta que não entendi, embora saiba que existem diferenças numa mesma língua. Dependendo do lugar onde se fala português as variações seguem desde a regra de acentos(enquanto usamos os circunflexos em determinadas palavras, outros se usam os agudos) ao acréscimo de letras c, p em certas palavras e por ai vai a nossa complexa Língua Portuguesa. Acontece em outras línguas. Acredito que não seja tão ampla como a nossa. Exagerada de regras e artefatos.
No Brasil a coisa anda assim: se pularmos de região a região, já sentimos o linguajar diferenciado entre sotaques e jargões natos e a cara de espanto (não entendi patavina).
Assassinamos o Tupi-Guarani, nossa (que seria) língua materna, embora usamos os resquícios sobrados. Palavras como: abacaxi, xará, maracujá, mandioca etc. e mais uma grande variedade deste gênero que me falham a memória no momento.
Rapariga!Que palavrão! Embora saibamos sua definição correta através dos dicionários, insistimos em usar para denegrir a imagem das mocinhas ingênuas e puras. Se bem que essa raça esta em extinção.
A coisa muda de figura, quando surge a amenizadora Lingüística, que segundo a sua teoria não há erros na língua falada desde que haja comunicação. Se levássemos a fundo essa teoria, seriamos tachados de ignorantes, iletrados ou um nome pejorativo de animal de carga.
Bem, nessa hora sinto falta dos políticos (bons politicos, outra classe em extinção), aqueles seres que fazem leis para o seu bel prazer e esquecem dos que apertaram as teclas, para eles estarem ali, no lugarzinho chamado
INERCIA. Poderiam ressuscitar o tupi-guarani nas escolas como disciplina curricular; unificar todas as regras gramaticais da língua portuguesa e acima de tudo cumprir as propostas que tanto nos perturbam (cá pra nós, continuamos desacreditados) durante o programa eleitoral.
E o pior! Ainda somos obrigados a votar.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Recarregando a bateria

Acessos:

Image by FlamingText.com
Image by FlamingText.com