Pornopolítica
Especificamente quanto a corja parlamentar, louco quem não concordar com Arnaldo Jabor, em Pornopolítica: paixões e taras na vida brasileira, Editora Objetiva, 2006, pg.11, O "Se..." do canalha nacional:
Se puderes manter a cabeça erguida, quando todos te acusarem, chamando-te de "ladrão" ou "corrupto" por te terem pegado com a mão dentro da cumbuca, [...]
se puderes crer, por exemplo, que tens o direito de roubar o povo para vingar uma infância pobre..., [...]
ou se te orgulhares de ter instaurado a gorjeta, a mixaria, o serviço de 25% (pois, como dissestes, "10% é para garçom") enquanto enfias a língua na orelha da lobista gostosa ao lado no Piantella, de porre e feliz, [...]
ou ainda se, mais metafísico ou filosófico, contemplares o crepúsculo e lamentares melancolicamente que "acabou o tempo das utopias..." ou "a vida é uma ilusão dos sentidos" e, portanto, "roubo sim e caguei...", [...]
e se, além da confiança na cega Justiça, dos desembargadores que sempre te acolherão, se, além desse remanso, desse consolo que te encoraja, roubares mesmo, no duro, por amor à causa, por paixão, por desejo sexual, pelo bruto tesão de acumular o máximo de dólares para nada, pela fome das lanchas, jatos, putas, coberturas, Miami, Paris, e se, com fé e coragem, reconheceres esse prazer com orgulho e sem remorsos, então, eu te direi, com certeza, que vais herdar a terra toda com todos os dinheiros públicos dentro e, mais que isso, eu te direi que serás, sim, impune para sempre, um extraordinário canalha, meu filho, um verdadeiro, um grandioso filho-da-puta brasileiro!
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