Eterna aprendiz

Não existe nada mais fatal para o pensamento que o ensino das respostas. Para isso existem as escolas: não para ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas. As repostas nos permitem andar sobre terra firme. Mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido" (Rubem Alves)

quinta-feira, agosto 25, 2005

TEMPO!?

Procure nas estrelas as respostas de todos os pensamentos. Com certeza, vamos encontrar as desculpas em cima de tanta tecnologia. Ainda tem coragem de dizer à uma pessoa que gostaria muito de vê-la ou conversar somente 5 minutos, mas, que não encontra tempo para isso acontecer?
Estranho... O homem, desde a sua existência, apesar de progredir, utiliza-se de certa burrice, pois os caminhos utilizados para o progresso são desviados para a destruição, dizendo, sempre, que está procurando ou inventando algo para simplificar a vida. O resultado de tudo isso? Quem sabe a comida congelada preparada ao longo de 3 minutinhos no microondas, celular com serviços de banco, a própria Internet, a busca de músicas no CD e diversas outras coisas.
Para acabar de vez como aquela história de que a distância era a inimiga do relacionamento, foi criado o e-mail e, até mesmo a imagem já trafega pelas fibras de comunicação.
Então, a desculpa poderia ser a falta de tempo devido ao trabalho longo e cansativo que a globalização exige nos dias atuais? Vejamos... Acordamos com “pudim” nos olhos, tomamos banho pensando nas contas que teremos que pagar no final do mês ou, quem sabe, no final do dia, um café tradicional e pronto! Estamos a caminho do stress.
Ao chegar no trabalho, sempre vemos nossas mesas ao não estado final do último dia, ou seja, alguém passou por lá. O computador conecta a rede e cobranças começam a crescer. Com certeza, seu documento ou planilha vai travar ao longo do dia, a impressora conectada à rede vai parar de funcionar. Por quê? Ou está faltando papel ou tonner, e seu celular irá informa-lo o quanto deverá pagar na próxima fatura.
Por falar em fatura, não podemos esquecer que a sua fatura do cartão de crédito, naquele dia que você estava sem tempo, acaba de chegar mostrando todo o seu consumo. O Sol vai embora, a chuva aparece e o frio assola. O ar condicionado anestesia o corpo para não sentir o tempo.
Tempo e tempo. Frio e fim de tarde. Vínculos inseparáveis que fazem as pessoas não terem mais tempo para nada. Por quê? Por quê?
Rastreando todos os pensamentos, vemos que o ser humano ainda não perdeu o costume de contar estória ou de dar desculpas para as falhas de relacionamento, onde o importante não é ter assunto, e sim, somente saber como esta o próximo.
Pense nisso e ligue agora para a pessoa que, há algum tempo, está atrás de você, pedindo sua doce e suave voz para contaminar os pensamentos e as idéias conturbadas do dia a dia.

sábado, agosto 06, 2005

60 ANOS- HIROSHIMA NUNCA MAIS


"Pensem nas crianças
Mudas telepáticas,

Pensem nas meninas
Cegas inexatas,

Pensem nas mulheres
Rotas alteradas,

Pensem nas feridas
Como rosas cálidas.

Mas, não se esqueçam
Da rosa... Da rosa!

Da rosa de hiroshima,
A rosa hereditária,

A rosa radioativa
Estúpida e inválida,

A rosa com cirrose,
A anti-rosa atômica.

Sem cor, sem perfume,
Sem rosa, sem nada.
[Vinícius de Moraes]



Japão- Manhã do dia 6 de agosto de 1945, 08h15 (no Brasil a mesma hora da postagem deste texto - 20h15). Uma data que é marca do profundo horror traduzido pela morte de mais de 100 mil pessoas, pelas seqüelas que atravessaram o milênio, símbolo de um calvário que lentamente se arrastou como dolorosa marca para inúmeras gerações, em inevitável herança do dia mais negro da história da humanidade. E continuo a questionar-me " A guerra superou a PAZ?".Até quando?

quarta-feira, agosto 03, 2005

POESIA MATEMÁTICA

Às folhas tantas
Do livro matemático
Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita
Olhou-se com um olhar inumerável
E viu, do ápice à base
Uma figura impar
Olhos onbóides, boca trapezóide
Corpo octogonal, seios esferóides
Fez da sua
Uma Vida
Paralela a dela
Até que se encontraram
No infinito"Quem és tu?", indagou ele
Com ânsia radical
"Sou a soma dos quadrados dos catetos.Mas pode me chamar de Hipotenusa"
E de falarem descobriram quem eram
_ O que, em aritmética, corresponde
A almas irmãs
_Primos entre si.
E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Retas, curvas, círculos e linhas senoidais.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas
E os exegetas do Universo Finito.
Romperam as convenção newtonianas e pitagóricas.
E, em fim, resolveram se casar
Constituir um lar.
Mais que um lar.
Uma perpendicular
Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
Sonhando com a felicidade
Integral
E diferencial
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes
Até aquele dia
Em que tudo, afinal,
Vira monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
Freqüentador dos círculos concêntricos.
Viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
Uma grandeza absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum,
Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava um todo
Uma Unidade.
Era um triângulo
Tanto chamado amoroso
Dessa problema ela era a fração
Mais ordinária
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
E tudo que era espúrio passou a ser
Moralidade
Como, aliás, em qualquer
Sociedade
Milôr Fernandes

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