Eterna aprendiz

Não existe nada mais fatal para o pensamento que o ensino das respostas. Para isso existem as escolas: não para ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas. As repostas nos permitem andar sobre terra firme. Mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido" (Rubem Alves)

domingo, setembro 11, 2005

RETRATO

"Estamos perdidos há muito tempo...
O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada.
Os caracteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte, o país está perdido!"
Texto de Eça de Queiroz, escrito em 1871. A qual país ele se referia? Ganha um doce quem adivinhar.

sexta-feira, setembro 02, 2005

Daydreaming



Janela entreaberta, dia ensolarado como sempre, pilhas de papéis sobre a mesa, barulho de gente e de carros transitando na avenida, ventinho calmo acariciando os meus cabelos, cadeira estofada à mesa, e ao seu conforto, sentada estou, longe, muito longe dali.
No escritório, apenas o meu corpo. A imaginação me guia, de companhia o papel branco sobre a mesa e o lápis a rabiscar em pensamentos flutuantes. Há dias em que o nosso “ganha pão” segue essa monotonia. Os pensamentos afloram e luzes de idéias nos transtornam ou nos aliviam. Luzes, que desaparece em fração de segundos, e a vida que segue a mesma sintonia. Tudo muda em segundos: pensamentos, pessoas, endereços... Endereço!?Meus pensamentos encalham aqui, já que estou há quilômetros e quilômetros da terra natal. Lembranças vêm à tona: os lares da minha infância, adolescência e mulher. Saudades das férias na fazenda, minha mãe nos chamando à mesa posta às refeições. Que paciência! Onze filhos, um time de futebol e a técnica ali, protetora e autoritária ás vezes. Heroína, minha mãe! Incansável! Pudera eu, ter a mesma disposição, alegria e energia ao cuidar de onze danadinhos. Minha energia é demasiada escassa para acompanhar dois que já tenho. Saudade das cavalgadas, banhos de mar, tempos de escola, cheiro de livro novo, brincadeiras, viagens inesquecíveis, adolescência, e PUFT! Tudo se vai, com a mesma velocidade de uma luz... Mas o processo de mutação continua...
Paralelo às mudanças, um endereço, esse por vezes sólido e por vezes não, há depender das circunstâncias. Circunstâncias, que me fazem refletir, e decidir me estar perto da minha base: família, irmãos, amigos de infância...
A mesma intensidade da luz, que traz saudades da vida de outrora, guiar-me-á e iluminar-me-á ao caminho do meu novo aconchego, lar. Conto com os domingos reunidos num almoço familiar, passeios ao final de semana, conversas jogadas ao léu. A rotina que me falta e me traz um vazio enorme. Sinto o brilho da luz, cada vez mais perto. Mereço!? Sim... E falta pouco. Por enquanto só me resta sonhar, acordada.

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